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Minha Aventura
Meu batismo nas cavernas do México

Por Fernando Lopes Pauletti - Agosto/2005

Eu estava na van a caminho de Dos Ojos, o cenote escolhido para meu batismo de mergulho em cavernas. O guia, Quetzal – nome de um deus azteca -, explicava-nos a diferença entre mergulho em cavernas e mergulho em grutas: simplificadamente, enquanto no primeiro há sempre visão de uma saída para a superfície, no último, além de não se enxergar tais saídas, há necessidade de habilitação específica, equipamentos e cuidados com segurança muito mais rigorosos. A redundância dá-se no próprio equipamento do mergulhador, dois cilindros, dois reguladores, 1º estágio em configuração “H”, lanternas especiais, mais potentes, com baterias mais duráveis, e outros itens que já não me recordo agora. É um mergulho classificado como técnico, com todas as regras de segurança inerentes a esta modalidade.

Dos meus três companheiros de aventura, Ricardo e João, além de serem meus colegas de trabalho, já mergulharam comigo umas quinze vezes na mesma semana em Cozumel. Pouco antes de chegarem lá, haviam nadado com os tubarões baleia em Holbox. Oliver, que conhecemos no hotel onde estávamos hospedados, era o alemão mais latino que já conheci, tal era sua descontração e bom humor.

Quetzal informou-nos que o mergulho, realizado em água doce, exigiria bem menos lastro que os de mar, e que poderíamos ajustar a flutuabilidade na entrada da caverna, uma piscina de grande beleza. Também nos advertiu que poderia haver alguma corrente, mas muito leve (na realidade, nem a percebemos durante os mergulhos).
O caminho até o parque onde se encontra o cenote é seguindo-se em direção ao sul a partir de Playa Del Carmen, pegando-se uma estradinha de terra à direita, pouco antes de se chegar a Tulum. É necessário pagar pelo acesso, mas o pacote que compráramos era do tipo tudo incluído, o que tornou tudo mais fácil. No parque, havia banheiros (sem vasos), locais para equipar-se e ainda alguns “vestiários”, choupanas cujas frestas eram mais largas que os próprios bambus que funcionavam como parede – ou, devo dizer, cercas. Para os mais tímidos, somente os banheiros eram uma opção (rs).

Para chegarmos à entrada da caverna, descemos por uma escada de pedras e areia até um espaço onde foram montadas algumas mesas para se equipar / desequipar e uma plataforma de madeira para entrar e sair da água.

Devo dizer que estava ficando “mal” acostumado com a transparência da água de Cozumel, mas quando me deparei com a piscina na entrada da caverna, fiquei boquiaberto. Nenhum guia poderia me preparar para a translucidez azulada daquela piscina. Parecia que o mar de Cozumel era o Arvoredo em dia ruim (perdoem-me pelo pecado da comparação)! Enxergava-se até onde a luz alcançava. Se eram 90 metros, como dizia um folheto que pegamos, ou 60 metros, como Quetzal nos afirmou, não tenho idéia, mas era absolutamente fantástico!

Equipamo-nos. Eu vestia um monoshort 5mm, capuz e botas, e o equipamento normal de mergulho recreativo. A temperatura da água era de 24°C, fichinha para quem encara a reserva do Arvoredo fora do verão. Um de meus companheiros vestiu a roupa completa, o que não chega a ser um exagero. Quetzal estava com a configuração para mergulho em grutas, e seria nosso guia no novo mundo a descobrir.

Fomos todos para a água. Tive que diminuir ainda mais meu lastro, ficando com apenas dois quilos. O primeiro mergulho seria o mais longo, porém mais raso, com profundidade média de quatro a cinco metros e máxima de sete. Chama-se circuito da Barbie, por conta de uma boneca que fica na boca de um crocodilo de mentira em certo ponto da caverna. Reza a lenda que certa vez entrou um crocodilo na caverna e mordeu uma moça. Daí o “enfeite”.

Bem, se a entrada já era fantástica, o que começamos a ver lá dentro superou as expectativas. As formações eram as mais variadas. Estalactites e estalagmites de diversos tamanhos e concentrações, algumas se encontrando, outras lembrando até formas de animais (não, eu não estava narcosado!). Pareciam sorvetes que, no meio do derretimento, foram congelados subitamente. Paredes que lembravam queijos suíços, porosos e cheios de buracos e camadas, e tetos que guardavam grandes bolhas, quiçá oriundas da passagem de muitos mergulhadores. Havia diversos cabos de referência, os quais deveriam permanecer abaixo dos mergulhadores, de forma a evitar acidentes, caso o equipamento ficasse preso em algum deles. Alguns locais pareciam grandes catedrais, com amplos salões, tenuamente iluminados pelos acessos à superfície ou ainda por nossas lanternas e flashes, infelizmente insuficientes para permitirem fotos que captassem a beleza do ambiente. Aliás, as visões da superfície por debaixo d’água formavam imagens muito bonitas também, embora nossas lentes – ou nossa imperícia de fotógrafos iniciantes – não as tenham registrado com a mesma sensibilidade que nossos olhos as viram.

Vimos o ponto onde a passagem para os mergulhadores não certificados – e preparados – é proibida, ou, pelo menos, não recomendada. Embora não exista fiscalização, o risco, por si só, já é suficiente para afastar os mais incautos. Passados 45 minutos, chegamos de volta ao ponto de partida para um intervalo de meia hora.

O segundo mergulho foi na Batcave (não, não havia nenhuma miniatura do batmóvel lá!), um circuito mais curto, com profundidade média inferior a seis metros, e com a máxima de treze metros. Havia uma interrupção no mergulho, uma emersão em uma caverna aberta, que dá nome ao circuito. Em relação ao primeiro mergulho, nada havia de muito diferente, exceto que os espaços entre as saídas eram maiores, alguns em curvas, deixando alguns pequenos trechos sem visualização da saída mais próxima. Não que chegasse a ser um problema, pois se seguindo o cabo para qualquer lado, chegar-se-ia a uma saída em menos de um minuto de mergulho calmo.

A Batcave, na metade do mergulho, é uma caverna ampla, cheia de estalactites em tons avermelhados e outros mais escuros, onde se concentram os morcegos durante seu sono. Há uma abertura para a superfície, na qual foi construída uma escada vertical e uma plataforma sobre a água, de forma que alguém possa entrar ou sair por ali, se necessário. Depois de 30 minutos, mais uma vez retornamos à nossa piscina. De quebra, por serem nossos últimos mergulhos durante a viagem, as roupas e equipamentos tiveram uma lavagem de mais de uma hora, somados os dois mergulhos. Depois de guardarmos o equipamento e fazermos um lanche, seguimos de volta a Cozumel, de onde partiríamos na manhã seguinte.

Se me perguntarem se estou entusiasmado em fazer um curso específico para ir mais fundo (em grutas, segundo a explicação de Quetzal), pode parecer incoerência, mas tenho lá minhas dúvidas. Se, porém, perguntarem-me se gostaria de repetir a experiência nesta ou em outra caverna, podem ter certeza que sim. Grande parte da beleza do mergulho em cavernas está exatamente na visão da luz penetrando as águas translúcidas, em meio àquela paisagem lunar. Esta eu recomendo!




 
 
 
 
 

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