RELATO TULUM 2017 – PARTE 1

O mapeamento do genoma humano é um projeto audacioso e importante para todos nós. Provavelmente ele ainda encontrará um trecho do nosso código genético que nos conecta aos desejos primitivos dos nossos ancestrais. Um pequenino traço de código deve nos conectar com a vontade de voar, vontade que nos faz invejar a liberdade dos pássaros, nos faz admirar a beleza do céu e mesmo que por curtos períodos nos faz desejar escapar da força da gravidade.

No mergulho, a física se manifesta de forma simples através da ausência de peso. A água nos sustenta e nos possibilita sem esforço girar, virar, deslizar e mergulhar na sensação de liberdade que devem sentir os pássaros no céu e os astronautas no espaço. O equipamento que transportamos para respirar, para navegar e admirar as belezas submersas realmente nos torna parte desse ambiente, a Terra, e sem dúvida podemos dizer que isso é uma forma de adoração. Nas águas claras dos diferentes oceanos podemos admirar uma beleza sem igual e a sensação geral de liberdade é INDESCRITÍVEL.

Quando escolhemos mergulhar em cavernas temos a oportunidade de flutuar dentro da Terra em rios subterrâneos, em túneis com centenas de milhares de anos e em espaços escuros. As cavernas compartilham com os mergulhadores seus segredos, suas maravilhas, sua delicadeza e sua inexplicável beleza. As características de uma caverna submersa com suas decorações, seus salões gigantescos e suas passagens apertadas esculpidas pela história da Terra são a mais pura arte que podemos encontrar.

Foi justamente todos esses sentimentos que um grupo de mergulhadores da Planeta Mergulho teve a oportunidade de experimentar durante uma semana nos Cenotes de Tulum, cidade do estado de Quintana Roo,no México. Estes mergulhadores viajaram para concluir o curso de Mergulho em Cavernas, onde todos os procedimentos necessários para explorar este incrível ambiente lhes foram ensinados.

Os mergulhadores foram conduzidos nessa experiência pelo instrutor Carlinhos e também pelo instrutor Reinaldo Alberti. Foram seis dias de treinamento em seis diferentes Cenotes, totalizando mais de 18 horas de treinamento dentro das cavernas, fora as aulas teóricas na Planeta Mergulho e o treinamento em águas confinadas realizados em Porto Alegre. Ao todo foram mais de 40 horas de treinamento.

Os Cenotes visitados foram Car Wash, Gran Cenote, Chan Holl, La Calavera, Dos Pisos e Caterpillar, todos eles localizados na Península de Yucatán. Essa região tem uma topografia praticamente plana, sem vales e montanhas com altitude máxima de 30 metros. O tipo de solo é basicamente composto por rocha calcária e terra branca que contém carbonato de cálcio e magnésio que são solúveis em água.

Por essa razão podemos encontrar nessa região um grande número de cavernas, praticamente rios subterrâneos que muitas vezes afloram a superfície por aberturas de diferentes tamanhos e singular beleza. Essas aberturas são chamadas CENOTESs, termo que vem das palavras ts’ono’ot ou d’zonot, que significam “depósito de água”. Esses cenotes são a principal fonte de água potável para a região, pois os períodos sem chuvas podem chegar a seis meses a um ano e pelas características do solo não se formam reservatórios naturais na superfície.

Os mergulhadores, além da oportunidade de explorarem esses Cenotes, admirando seus espeleotemas (estalactites e estalagmites), puderam também aprimorar suas habilidades e técnicas. Esse aprimoramento elevou a segurança, o planejamento, o procedimentos pré-mergulho e a noção de time de mergulho para um nível capaz de garantir o sucesso na exploração de cavernas e também fazer com que os mergulhos em águas abertas sejam ainda mais seguros e responsáveis.

Nossos cumprimentos ao GLAUBER, RAFIC, ROGER e VIVIANE pela conclusão do curso, pelo comprometimento com o mergulho e pela performance!!!

Esta é a PARTE 01 do relato da nossa viagem aos cenotes mexicanos. No próximo relato vamos descrever cada um dos cenotes visitados.

ABRAÇÃO A TODOS!
Carlinhos (Carlos Salerno Gonçalves)
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